Publicado : 2013-8-7
A síntese é a colheita de um ciclo evolutivo.
A síntese cultural é a destilação e preservação do melhor que uma certa civilização produziu.
Tal como o Deus hindu Shiva, que destrói para recriar, Um scanner está agora a atravessar a cultura humana para ver o que pode ser salvo e aproveitado? Qual a essência que vale a pena ser preservada? Um reactor, um atractor, um sintetizador, está a trabalhar profundamente dentro dos arquétipos da psique humana, Puxando na direcção da unidade? Para aqueles que estão preparados para a colheita?
A cultura não está nas bibliotecas ou nos teatros; A cultura está nos corações e nas mentes de todas as pessoas: É como pensas e aquilo que pensas e sentes e como ages. Esta é a cultura individual interior. Cultivar o interior... A cultura exterior é então aquilo que uma sociedade ou um grupo dá ao individuo? como um espelho.
É aqui que a cultura pré existente, ou que está a partir, falhou. Porque aquilo que as pessoas precisam e estão mesmo à procura é de identidade e sentido. E, nem as religiões organizadas nem a ciência chegaram a nenhumas respostas válidas para os nosso tempos.
O paradigma cultural que ainda agora prevalece é o do multiculturalismo, Que informa a abordagem de muitos movimentos progressistas, como por exemplo o do Instituto das Ciências Noéticas e em geral todos os da Nova Era. Contudo levou a um beco sem saída. Os precursores do multiculturalismo começaram em França com o Existencialismo nos anos 40 e depois com o Estruturalismo nos anos 60. Poder-se-ia mesmo afirmar que os seus inícios remotos estão associados ao Romantismo, em 1800. Foi então que o culto das ruínas e a admiração pelo fragmento nasceram.
Todos estes movimentos culturais levaram à ideia que agora prevalece de que: Tudo é relativo, Nenhuma verdade é definitiva, Cada cultura tem os mesmos direitos e valor E, levaram finalmente, à esperança de que- a partir de todas as culturas do mundo- uma cultura global emergirá Através de toda esta variedade dos elementos, Que se estendem desde o arcaico e xamânico até ao ultra tecnológico e virtual.
Não é uma questão de alta e baixa cultura, Uma reservada para as pessoas que tem tempo, dinheiro e bom gosto E a outra atirada às massas Viciadas em desportos e telenovelas. Não,
A nova cultura é igual para todos e para todas as classes sociais. Porque dá respostas ao que as pessoas andam à procura Em termos de identidade e de sentido para a vida. Só que ? ao contrário da fé ingénua, da esperança e da crença dos multiculturalistas - Ela não vai provir de uma fusão de elementos pré-existentes e díspares. Não será uma síncrese, será uma síntese.
Pois ela sempre existiu no espírito humano É um centro. É holística. É integral.
Há milhares de teorias, religiões, vias e áreas de descobertas e materiais canalizados. Estamos inundados por um excesso de informação e por um roubo do tempo necessário para o digerir. A humanidade já abandonou a ideia de encontrar algo verdadeiramente novo. Contudo uma nova cultura está disponível, Que vai muito para além da religião e da ciência E dos seus respectivos dogmas. Esta é uma cultura de vibração, ressonância e correspondência. Onde tudo o que é do passado é recolhido e Diluído Dissolvido Transfigurado Em qualquer coisa de novo? Como a Fénix a renascer das suas cinzas.
Esta cultura da unidade vai para além da dualidade e do dualismo. Pois verdadeiramente não há bem nem mal, mas sim diferentes expressões do mesmo desejo evolutivo. Energias polarizadas no seu respectivo fim de um continuo, Um espectro de luz e de escuridão. Uma busca constante do mistério e do desconhecido.
Pode-se dizer a este escritor que talvez a razão por que não sinto afecto pela cultura de hoje é porque estarei a ficar velho. Na verdade só estou a ficar mais sábio? Mas quando vou às festas transe, eu danço mais rápido que os que tem 18 anos. Portanto não é que eu não perceba as tendências actuais da cultura jovem e também não é uma questão de alta ou baixa cultura.
Vivi o período de maré alta da criatividade humana dos finais dos anos 60 e dos princípios dos anos 70. Foi uma revolução cultural. Tão ameaçadora para o establishment que teve que ser desviada e silenciada. Ainda acompanhei aquilo que veio depois, mas, pouco depois, toda a cor tinha desaparecido, principiando com o punk tardio. Desde então até agora tem sido o reino do preto e do cinzento. Os artistas, os galeristas, os gestores culturais, até os cozinheiros e os cabeleireiros, todos aderiram ao novo uniforme do chic barato.
A fragmentação -e o isolamento humano, depressão e bipolaridade que com ela estão relacionados- atingiram um máximo. A collage de culturas e de materiais misturados tornou-se a forma natural de expressão. Tudo funciona, tudo é aceite? E os últimos vestígios da verdade e do absoluto foram relegados para os fundamentalistas, os radicais e extremistas da religião, Pois até as ideologias políticas foram desacreditadas ou morreram de morte natural.
Como artista e escritor posso ver a cultura a partir de diferentes pontos de vista. O que é também potenciado pelo facto de eu ser um nómada sem residência fixa. E por ter sido um diplomata de carreira, especializado nas grandes organizações políticas, económicas e culturais internacionais.
Mas? Mais do que uma síntese cultural? do que se trata é verdadeiramente da unidade, ou unicidade. Como objectivo da evolução humana. Para chegar lá temos que começar a unificar todas as partes divergentes, os nossos próprios corpos, O físico, o emocional e sentimental, o mental, o espiritual. Então estaremos a sintonizar a integração e unificação do nosso ambiente humano: a nossa família de sangue ou de espírito, as coisas em que estamos empenhados, os movimentos e causas, o nosso trabalho comum para salvar o planeta?
A nossa unidade com a humanidade está inscrita e impressa no nosso âmago ? Se nós ouvíssemos o espírito que fala no nosso coração interior?
Para terminar: Nós viemos de uma origem, uma fonte onde todos eramos unos com o todo. A verdadeira síntese é o convergir, o essencializar, o unificar, o consciencializar de todas as nossas experiências como nómadas do universo, andarilhos das dimensões.
Estamos a voltar. Porque sentimos a chamada. Porque estamos a recolher as nossas projecções e criações, pois conseguimos ver através delas? Porque o universo se está a contrair e a voltar à fonte? É a grande conjunção universal, a onda harmónica da síntese. O curar da brecha, o selar da grande divisão. O fim do viciante jogo do espaço-tempo.
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