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João Motta

O Jogo Cósmico



Publicado : 2013-1-19



Sou um personagem em busca de autor. Busquei outras personagens com quem escrever as regras deste jogo da vida, mas falhei…

Há muito tempo, quando o uno era uno, não havia jogo nem palavras, tudo era sonho. Mas o sonho quis-se materializar e aqui viemos nós parar…

Uns dizem que esta cena é sonho, outros que é ilusão, outras que é um jogo, divino ou não, outros ainda que é uma matriz, de deus ou do diabo…

Nós estamos por dentro e por fora, só assim se pode jogar. Julgamos ter livre arbítrio, ao escolher entre Gucci e Pucci… Organizamos a vida que temos, segundo objectivos claros, as carências da nossa infância. As regras do jogo transmitidas por pais, educadores e sociedade não as questionamos: o tempo linear, o dinheiro, o sucesso, a necessidade de ter uma personalidade diferente e marcada.

Mas quem já está dentro do jogo, em geral não sabe as regras, só sabe as da geração precedente de jogadores. Que, em geral, saíram pela porta rotineira da morte. Quem soube morrer em vida? Quem verdadeiramente se olhou ao espelho e descobriu o vazio onde o jogo decorre? Quem viu o mesmo jogador tanto nas pessoas, nas árvores como nas coisas? Quem reabriu de novo o jogo em estado de neutro?

O teatro do mundo abre-se de novo a cada momento. Cada agora é virgem, prenhe de possibilidades. O jogo recomeça e bifurca-se a cada instante. Pode-se jogar dormindo ou acordado.

A matriz do jogo são impulsos electro magnéticos, sinais sonoros, uma multitude de frequências, pixels, micro-espelhos. Vivemos numa matriz energética de espaço, de tempo, de matéria e de consciência.

Quando, de dia, fechamos os olhos e não atendemos aos sentidos pode ser o mesmo que estar completamente atento aos sinais dos sentidos. Vemos tudo ir surgindo á sua maneira, fenómenos no mundo da consciência. Ou vistos bidimensionalmente no cérebro ou projectados tridimensionalmente no exterior. Se lhe juntarmos as imagens dos sonhos da noite, as barreiras do que é a vida e do que é real esbatem-se. E se nesse sonho estivermos lúcidos temos uma das formas de provar a natureza lúdica da realidade acordada.

Há que ter muita paciência, tempo, curiosidade, desespero e ou beneficiar de muita graça para descobrir o mecanismo da separação que permite o sonho, ou seja com escolhemos entrar nele.

Se se postular que não há diferença entre sonhador, sonhar e sonhado, começamos a abrir-nos á irrupção da verdade. Para isso é necessária humildade e alguma coragem. É que o jogador não existe.

Ou seja não há pensador, não há autor, não há sentidor, tudo são pensamentos, mais ou menos repercutidos no corpo ou na retina. Tudo são experiências que o jogo permite, o jogo onde o uno se experiencia como todo.

Só há um jogador, como só há um único átomo. O Big Bang está sempre a ocorrer em todas as direções. Cabe-nos a nós, personagens animadas pelo amor e a vontade do uno, despertar para o fluir do jogo, neutralizar as reações que nos traem, passar a jogar acordado.





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