Publicado : 2011-10-18
Reclamamos o direito à inocência, à confiança sem condições, ao amor, à alegria. O direito à liberdade de nos podermos surpreender e deixar maravilhar. A não ter ideias feitas sobre nada nem ninguém.
A estar bem na vida. A amar. Não só amar alguém, mas sim a esses estado de contentamento e completude. Um amor que não julga. Ser amor, por si e pela vida. Reclamamos o direito a ter confiança na vida, nos outros, no universo.
A estar disponível e aberto, a poder acolher o outro sem prevenções nem expectativas. A aceitar as dádivas que a vida nos dá, as visitas inesperadas do divino.
Reclamo e exerço o direito a ser livre de mim próprio. Livre do passado emocional. Presente na sucessão dos momentos.
Reclamo o direito a sentir o desabrochar da nova realidade, uma aurora radiosa onde os seres humanos já florescem.
Claro que o mal existe neste mundo; está em nós, está em toda a parte. Mas escolho não viver a dualidade, a separação, a comparação. Sou entrega á vida e ao universo.
Choro por me reconhecer livre e inteiro. Intrépido, fluido, caloroso. Proponho essa inocência que sentimos como entrega, como confiança, esse sentimento de que estamos protegidos e de que tudo é jogo, que a vida é uma brincadeira, muito séria mas muito fluida, sempre nova.
A inocência é nascer e morrer a cada instante. Não ser, não ter. É a liberdade de ser o instante. A liberdade da relação sem apego, sem expectativa, sem posse. De ser instrumento do Amor que tudo une.
Ser inocente é ver o outro como inocente. Saber que também ele é imaturo, incompleto, carente, sofredor. Acompanhar o seu sofrimento, a sua dor, com a nossa presença silenciosa, a nossa compreensão e solidariedade. Reconhecer nele o nosso passado, os nossos medos e ansiedades, a nossa fuga á vida, a nossa confusão e incerteza, a nossa depressão. Sobretudo, saber que ele também deseja partilhar a inocência, também quer que se confie nele.
Ser inocente é não ter medo de partilhar a nossa alegria. É ir para o mundo de coração aberto. Sentir a unidade misteriosa que nos atravessa. Somos a dádiva que dá sentido á vida, a alegria que a todos toca.
O Amor é uma questão política. Só num mundo livre se pode ser verdadeiramente inocente, um mundo sem hostilidades e sem hostilidade, onde a honestidade e a transparência sejam evidentes e a paz seja o estado natural.
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