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João Motta

Mente e Cérebro

Atualizado: 3 de jun. de 2019


Publicado : 2011-11-18


O cérebro é viciado em pensamentos.

Vivemos rodeados e imersos num oceano de pensamento, a que outros chamam a mente de Deus. É um rio que vamos atravessando.

O nosso cérebro é uma máquina de captar, triturar e cuspir pensamentos.

Poucas pessoas têm pensamentos próprios. Queridos, elaborados, concluídos e devolvidos ao éter. Esses pensamentos, já tratados e requintados, serão provavelmente alimento para outros seres mais evoluídos na cadeia do pensamento e da criação.

O cérebro é um muito complexo computador cujo software habitual são os programas a que os humanos chamam hábitos, identidades, preferências, e, como pano de fundo, o código básico do ADN.

Em geral, os pensamentos são repetitivos e até obsessivos. Tomam conta das pessoas, aliam-se às emoções e não dão descanso à mente, sequestrada por esse fluxo aborrecido de pensamentos requentados.

Os pensamentos são o output de uma máquina cujo input é a informação sensorial. Assim como o corpo excreta sólidos e líquidos, o cérebro excreta pensamentos. Quando o corpo e o cérebro se juntam para libertarem toda a energia e informação recebidas produzem o orgasmo.

Assim, as formas de o ser humano se libertar da tirania dos pensamentos, involuntários e automáticos, são várias:

O êxtase místico, em que a identidade do ser se translada para outros níveis mais rarefeitos de consciência e em que a unidade com o todo é experienciada. Outra versão mais acessível é a possibilidade que muitos seres humanos desfrutam de viverem o aqui e o agora. São em geral pessoas que não vivem dominadas pela ambição e pelo tempo. Que estão contentes e aceitam a sua vida tal como ela flui.

Outras formas são o uso de drogas, que activam o cérebro para além das barreiras rotineiras do pensamento rasteiro e o fazem sentir estados novos e inesperados.

Também a música transe leva o corpo e a consciência daquele que dansa para um estado de identidade ao mesmo tempo cósmica e também muito visceralmente humana pois o dansarino sente-se uno com o corpo colectivo que dansa.

Outra forma, usada por muitos é a meditação. Em que a consciência do observador ou testemunha consegue pôr em perspectiva o fluxo dos pensamentos, dos quais, a pouco e pouco, se vai desidentificando.

A forma mais acessível e comum á humanidade é o orgasmo. Nesses momentos, o ser sai do tempo e do espaço e experiencia a união com o todo, liberta-se momentaneamente do ego. Se não fosse a válvula de escape do orgasmo, grandes segmentos da humanidade já se teriam suicidado.

Como em geral o orgasmo masculino é sentido no cérebro e o feminino nos órgãos genitais, a experiência é diversa. A mulher experiencia o sentimento oceânico, que se pode prolongar e repetir, de um enraizamento na realidade, a mulher sente o todo através do concreto e do relacionamento. O homem, esse, parte para outra. Nesses momentos, o seu cérebro, inundado pelos neurotransmisores, é uma réplica holográfica do universo. Perde também a identidade separada e participa da natureza extática e unida do todo. E, em geral, tanto lhe faz o suporte que utilizou.

Pode-se dizer que o estado do orgasmo é o estado natural do ser humano, a nossa natureza profunda. Claro que o orgasmo sexual é só um estado de sensações químicas, uma explosão que o compensa de ter deixado de ser criador e ter passado a procriador. Mas há outras formas de sexo que levam a consciência para estados mais profundos, duradouros e criativos.

O que move o ser humano é sempre o mesmo, quer na busca do prazer, do amor, do poder, da segurança ou da meditação. Consciente ou inconscientemente, busca-se a si próprio. Em geral, fá-lo através dos outros ou das coisas. Contudo, para alguns, chega finalmente o momento de recolher todas as projecções feitas para o exterior. É aí que no espelho interior nos reconhecemos então como consciência criadora.





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