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João Motta

Erros Perniciosos



Publicado : 2013-2-15



1 Poucas ideias mais perigosas haverá que aquela de dividir entre interior e exterior. Pois o exterior, sendo extensão e projeção do nosso interior, faz parte de nós, é-nos interior. É a visualização dos nossos estados de ânimo e de pensamento. Na realidade, do nosso estado evolutivo.

Nesse sentido mais vasto, a astrologia não é exterior, como não o é a meteorologia, nem os livros, as pinturas ou as pessoas. O que vemos somos sempre nós; nós somos a nossa experiência, a nossa dimensão. Não há assim diferença entre um scanner cerebral e a consulta das cartas.

Libertos pois desse preconceito vivemos numa realidade una em que nada está separado.

2 Pode-se postular que a consciência caminha para a simplificação e para o unidimensional. Na realidade, para o vazio prenhe de todos os potenciais. Assim, torna-se primacial a tarefa de encararmos e alijarmos os conceitos que predeterminaram a nossa vida. Ou seja, o nosso ponto de vista, pois é isso que somos aos olhos de Deus, que através de nós tudo vê e experiencia.

Quanto mais despejados de ideias próprias acerca de nós mesmos ou do mundo, melhor. Quanto mais disponíveis para o novo, o inesperado, o espontâneo, melhor.

3 Outro conceito pernicioso é o de intermédio, uma verdadeira praga neste planeta, pois se aplica ao espaço e ao tempo e justifica todo o tipo de ideias secundárias, como a de centro e periferia (no espaço) ou de processos (no tempo).

Com o pretexto de intermédio se justificaram as piores tiranias e com ele se atascam as pessoas nos pântanos do tempo.

4 Como ponto de partida, pareceria de acordar que, na realidade, existe um só verbo. Ou seja: escrever, descobrir, pensar, recordar, sonhar, criar são um só verbo, são a mesma coisa. Pois no agora não há duas acções, só há o ser, que é sempre uma criação de realidade, uma descoberta, uma lembrança (de si próprio), uma emanação, uma projecção.

Desta forma, apagam-se as fronteiras artificiais entre ensinar e aprender ou ler e escrever (cada leitor é assim o escritor dos seus livros, mas não daqueles que não lê), não sendo até de condenar a expressão do poeta que afirmou ser o autor de todos os livros do mundo.

É que só podemos ser conscientes e responsáveis pela nossa experiência do momento. De tudo o resto não se pode ter a certeza que exista.

5 Outro engano em que as pessoas caiem é o de que este universo é vago, em expansão… Uma vez Deus disse-me: “Neste universo nada se faz sem que eu intervenha, cada átomo está ao lado do átomo certo. Tudo é preciso e perfeito”.

O engano deriva do facto de que as pessoas ainda dividem caos de ordem. Contudo, essa ferramenta -que terá sido necessária quando o homem primitivo ou a criança tinham que lutar contra forças ameaçadoras- agora deve ser substituída pela constatação, confirmada pela balbuciante ciência humana, de que há sempre uma ordem superior ou mais abrangente que explica o caos aparente. Ou seja, de que os fenómenos inexplicáveis, como os milagres, têm sempre uma aclaração segundo leis mais vastas e precisas.



POST SCRIPTUM


O escriba destes textos, na sua tarefa e papel de caçador de conceitos, agradece a todos os interessados que lhe comuniquem outras incongruências no tecido da realidade conceptual humana…





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