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João Motta

A Ficção das Palavras

Atualizado: 31 de mai. de 2019


Publicado : 2013-1-19


Dizem que o leitor, o ler e o lido são a mesma coisa... há quem diga até que há só um verbo, ser...

Posso então sentir e dizer que,

Eu sou as letras que se leem a si próprias.

Não há escritor nem leitor, há o universo que se devora a si próprio, a consciência que se esconde e se descobre, Deus que se estende e encolhe.

O escritor sonha um leitor, o leitor sonha um escritor. Na realidade o leitor escreve aquilo que sabia, mas lhe faltavam as palavras ou o estilo. O escritor inventa o personagem do leitor, como desculpa para se ver ao espelho.

Criamos o mundo como leitor do que quer saber- criamos o mundo como desculpa para não o ser.

As palavras… são barcos perdidos, eternas traduções da vida. São mentiras ao espelho, apertos de mão fictícios. São uma droga muito aditiva.

As palavras são imagens no cérebro, sons que martelam e pontuam o silêncio, caligrafias e símbolos de papel. Superstições…

As palavras são faladas, mas já não há quem as escute, já não há quem as saiba dizer… o escriba que julga escrevê-las é só uma mão por onde escorrem as estrelas…






Tags: #Ensaio

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