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João Motta

A Cosmovisão das Tartarugas 3/3

Atualizado: 4 de nov. de 2021


3 - Estudo Antropológico


A. - Introdução

Compreenderão os leitores que é difícil traduzir para linguagem humana os conceitos de uma raça animal tão longínqua da nossa. Além disso o estado arcaico em que decorre a sua vida social torna difícil a sua compreensão pelo homem moderno.


Esta obra é fruto do trabalho de uma vida de investigação científica e psíquica da vida das tartarugas, com os quais o autor convive desde 1914. Nesse ano tive um sonho estranho: estava numa igreja, no ofício divino, quando no momento de elevação da hóstia pelo sacerdote, desabava sobre a igreja uma enorme tartaruga no meio de uma tempestade de água. Os fiéis, espavoridos, esbracejavam para escapar. Alguns pareciam tornar-se tartarugas, nadando com grandes braços. No final, vários seres, que me pareciam pássaros ou pterodáctilos, planavam e voavam em direcção ao oriente. As suas asas pareciam ser feitas de carapaça de tartaruga. Só recentemente compreendi o significado desse sonho que viria a alterar a minha vida: de jovem zoologista dediquei-me com exclusividade ao estudo das tartarugas e posso dizer que, passados tantos anos, não considero em vão este trabalho cujos resultados, creio, poderão inclusive ajudar alguns humanos a melhor perspectivar a sua integração neste planeta.


Devo também revelar que nos últimos anos me tornei canal de alguns espíritos de tartarugas, que telepaticamente enviam mensagens à Humanidade, através de mim. Foi por casualidade que descobri esta capacidade, que se abriu em mim por um lado devido à confiança que mereci a tantas tartarugas e, por outro lado, devido à minha possibilidade de apneia, ou seja, de ficar por muito tempo debaixo de água sem respirar, em estado de imobilidade e concentração.


Seria difícil dividir este estudo em grandes temas lógicos como por exemplo a religião das tartarugas, os seus hábitos sociais, ou as mensagens que delas recebi; é que todas estas áreas se entrelaçam, pelo que, correndo o risco de algum caos, tentarei mostrar a interligação que segundo elas caracteriza todos os fenómenos do Universo.


B. - A Vida das Tartarugas

A religião das tartarugas é relativamente simples, ainda que os seus rituais nos possam parecer complexos ou até aberrantes e os seus mitos contraditórios. Para além da crença na Deusa Tartaruga, baseia-se numa dualidade complementar: o eterno céu azul e o silêncio do oceano profundo. Dizem que se fecundam mutuamente gerando os universos.


A vida da Deusa Tartaruga é regida por um grande número de rituais, convenções e tabus que seria fastidioso descrever. Parece suficiente fazer referência aos mais importantes e aos que se repetem com maior frequência. Além disso, através das minhas investigações, descobri que muitos deles são invenções tardias, introduzidas pelas sacerdotisas humanas, em contrário de simplicidade do culto original. São três os principais.

A Deusa mostra-se aos seus súbditos no auge de cada mês lunar. A cerimónia decorre à noite, durante a lua cheia, executando-se dansas em que as tartarugas mais dotadas mimetizam as fases da lua e o seu acasalamento com o sol.


A Deusa quase não se alimenta. Quando o faz é para uma poção preparada pelas sacerdotisas à base de cristais de quartzo moídos em pó. É tabu olhar a Deusa quando bebe, estando a cortina corrida. A explicação é a de que esse momento de ingestão de energia cósmica é mágico e poderia ser perturbado pela interferência de energias psíquicas de baixa intensidade.


A maior parte do tempo a Deusa está imóvel. Assegura assim a perfeita sintonia entre o céu e o oceano, sem a qual a terra perderia o equilíbrio.

Algumas tartarugas crêem num antepassado mítico, que dizem ser comum aos homens, que seria um ser anfíbio que saiu das águas originais. Nesse contexto, erigem caminhos líticos, onde as várias pedras formam as estações da evolução e passagem por terra firme desse anfíbio original. Esse caminho é percorrido em grande recolhimento, uma vez por ano, e representa para as tartarugas um laço de união e aliança com os humanos. Estes contudo, desconhecem o significado dessas estranhas pedras que julgam ser obras do acaso.


As mais impressionantes cerimónias são as que congregam em cada equinócio (que para elas representa o equilíbrio das polaridades), todas as tribos da nação quelónia. Nas praias dos vários continentes e ilhas, as tartarugas, que se consideram os seres mais belos da criação, fazem primeiro concursos de carapaças. Para ver quais são as mais perfeitas, as que melhor reflectem a forma e as cores do universo. Claro que há muitas delas, especialmente as mais jovens, que se roçam duramente contra os rochedos (por vezes de forma que lhes causa indizível sofrimento) afim de conseguirem criar fracturas, signos e direcções nas suas carapaças, que possam indicar maior sintonia com o mapa do universo.


Estes concursos são celebrados com festas e ingestão de moluscos. Nestas festas as tartarugas cantam. São cantos rítmicos e monótonos, mais parecidos quiçá com assobios profundos e roucos aos quais outras fazem contraponto como que de gemidos metálicos. Seguem-se depois grandes acasalamentos orgiásticos, nos quais as tartarugas expressam a união do eterno Céu Azul com o silêncio do Oceano Profundo. No dia seguinte descem, não todas, às fossas mais abismais, onde entram em meditação profunda e lhes aparece a imagem da Deusa (dizendo alguns que é a própria Deusa que aparece). Nesses momentos comungam do estado do planeta e sintonizam energias extraplanetárias que só então se encontram disponíveis. Depois, despedem-se, partindo em todas as direcções do oceano, segundo rotas previamente estabelecidas. Levam as suas energias renovadas e uma consciência mais aguda das necessidades planetárias.


Devo acrescentar aqui que, segundo as mensagens que recebo dos golfinhos e tartarugas, estes seres estão muito preocupados pelo curso dos eventos na Terra, sobretudo a degradação do meio ambiente, a matança dos golfinhos e a destruição das tartarugas e dos seus ovos pelo Homem e outros predadores.


A tartaruga Kelania, que fala em nome da sua tribo e habita em redor das ilhas Andaman, afirmou-me que a sua raça cumpre uma função importantíssima: a Terra é atravessada por linhas magnéticas e cósmicas que contribuem para o seu equilíbrio e para a verticalidade dos pólos. As tartarugas, nas suas viagens pelos oceanos transportam ou facilitam o fluir dessas energias, criando como que uma rede que protege a Terra. Neste momento é sua missão (que compartem com os golfinhos e baleias) redirigir essas linhas energéticas, segundo um novo traçado, de pequenos triângulos que deverão cobrir todo o oceano e permitirão à terra receber e vibrar com as energias de uma nova era com que o planeta está a ser baptizado pela galáxia.


Se os homens não se dão conta que o "efeito de estufa", de aquecimento global está tornando a Terra numa Torre de Pisa, onde o pólo Norte pode perder o equilíbrio e se continuam a matar as tartarugas e cetáceos que estão a preparar a Terra para uma fase de cooperação interespécies e interplanetária, este planeta será sacudido por violentas convulsões, das quais só os animais marítimos se salvarão. Para elas, os "discos voadores", essas gigantescas tartarugas galáxicas, sempre estiveram presentes na vida deste planeta e o facto de agora se tornarem cada vez mais visíveis pressagia o iminente regresso do grande antepassado mítico.


De resto, dizem elas, quando na Bíblia, no livro do Génesis, se fala do Espírito que pairava sobre as águas primordiais, esse espírito era uma grande tartaruga que pairava sobre as águas e que, através de um ovo que deixou cair e que lentamente flutuou sobre as águas, fecundou e deu origem ao Universo. Nesse ovo estavam concebidos os protótipos ordenados de todos os seres que o povoam. Teria sido pois por despeito que os homens teriam arrancado a primeira página da Bíblia onde esse episódio era referido.


Devido à sua antiguidade e longevidade, as tartarugas têm uma visão diferente do tempo. Não se julgam lentas mas sim vêem os outros animais como desnecessariamente apressados. Para confirmar o seu ponto de vista citaram-me a história dos animais que presidem ao horóscopo chinês na qual, quando o Buda chamou os vários animais, o segundo dos doze a acorrer à chamada foi a perseverante tartaruga.


Foi somente no período de decadência da sua civilização que as tartarugas passaram a utilizar seres humanos como intermediários, nas funções de sacerdotisas e pitonisas.

Existem entre elas anacoretas e ascetas, que vivem como ermitas em grutas abissais do Pacífico. Aí meditam imóveis, por vezes durante anos, sem se moverem, sem se alimentarem, sem verem a luz do dia. Ao desligarem-se do seu corpo físico atravessam outras dimensões.


As tartarugas não fazem uma distinção radical entre a sua vida profana e a religiosa. Consideram que bracejar e nadar, se feitos de forma rítmica e aprazível, são uma forma de meditação que lhes permite o contacto com o grande Vazio.

Assim como elas se consideram os mais belos seres da criação, pois que têm a forma do céu, a solidez da Terra e podem fluir pela água, assim valorizam os outros seres pelas formas que lhes assemelham. Neste contexto, fazem criação de escaravelhos que consideram animais sagrados e apreciam os seios, as bochechas e as nádegas dos seres humanos. Em Termos arquitectónicos também preferem as formas ovóides, arredondadas e baixas, em vez dos ângulos rectos que consideram agressivos. Dizem de resto que quando o homem tomou a forma vertical se tornou arrogante e separado dos outros animais.

As tartarugas são enterradas na areia com a cabeça para cima, dizendo que essa posição assegura um renascimento auspicioso. Elas próprias se colocam nessa posição (ficando ocasionalmente meses à espera da morte).


São bastante supersticiosas. Por exemplo: nunca cruzam um rio em linha recta; desdenham certos alimentos por impuros; reputam de mau agouro cruzarem-se com certos peixes ou animais; cobrem-se com algas nos dias de finados a fim de não serem colhidas pela morte; consideram os polvos um animal inferior e desprezível. Em contrapartida, consideram altamente auspicioso o facto de uma delas emergir da água no momento em que o último raio de sol atravessa o oceano.


Uma das suas devoções é justamente saudar prolongadamente o sol quando nasce ou quando se põe. Ficam horas imóveis, vivificando os seus olhos, o que lhes permitirá mais tarde possuir visão nos oceanos mais escuros. Este hábito tem-se vindo a perder pois essas longas filas de estáticas adoradoras do Sol nas praias tornava-as particularmente vulneráveis aos predadores.

Continuam a comunicar na linguagem original, telepática com os outros seres, sobretudo com as pedras e com os crocodilos. Dizem que foi uma desgraça a linguagem e escrita que os diabos ensinaram aos homens pois deixaram de poder comunicar com todo o resto da criação.


Fazem peregrinações aos lugares onde nasceram ou tomam asas os antepassados míticos dos seus clãs, fazendo-se sempre acompanhar de escaravelhos e borboletas nessas procissões, que são precedidas por um cortejo de rãs.


Diz-se que nas suas iniciações recebem a indicação de que as asas são para regressar ao planeta Vénus donde provieram. Antes de partirem para essa viagem, elaboram nas areias do fundo do mar, mapas do céu, com estrelas do mar, ouriços, algas e rochas, na esperança de que o mar não os apague antes de que alguma outra tartaruga os possa aproveitar.

Mantêm relações de amizade e admiração com as raias e as mantas, que dizem ser seres híbridos, habitantes do mar, mas que em vida já nasceram com as suas asas.


Com as máximas reservas, devo incluir aqui a notícia que me foi transmitida por uma das mulheres da congregação. Crê-se que a Deusa Tartaruga, que é reputada eterna, morreu recentemente e que as sacerdotisas a substituíram por outra muito semelhante, sem que os seus súbditos se dessem conta.


C. - Relações dos Humanos com as Tartarugas

a) Os estudos de mitologia comparada - desde os Mayas à China passando pelo Egipto - mostram-nos que em muitas civilizações humanas, as tartarugas são consideradas animais sagrados. Infelizmente, o homem moderno, ao perder a noção do sagrado, divorciou-se do contacto com as outras formas de vida, cuja função deixou de reconhecer e cujo efeito benéfico deixou de receber.

A título de exemplo, veja-se que, na China tradicional (e estas crenças persistem nos chineses de hoje em dia) a tartaruga era considerada um animal legendário, tal como a fénix e o dragão, como um mediado entre o mundo dos mitos, dos sonhos e da realidade, sendo as suas quatro patas equiparadas aos quatro pontos cardinais.


Para os chineses as tartarugas, parecem participar da natureza do Universo pela sua logevidade, pela sua aptidão para servir de instrumentos de adivinhação e pela própria forma do seu corpo. Pois, grosso modo, a sua carapaça dorsal é redonda como o céu e a sua carapaça ventral é quadrada como a Terra. As suas quatro patas desempenham pois o papel de pilares entre o céu e a Terra. Talvez devido ao seu simbolismo cósmico, à sua forma de rocha, à dureza da sua carapaça, pela sua natureza anfíbia, pela sábia lentidão do seu caminhar, as tartarugas são consideradas como estabilizadores. Muitas estelas e inscrições chinesas são postas em cima de peanhas em forma de tartaruga para significarem a sua estabilidade e perenidade. E diz-se também que as ilhas flutuantes onde vivem os imortais foram subjugados pelas tartarugas.


Além disso, para eles, a divina Tartaruga Kwei passou dezoito mil anos a formar o Universo e depois criou uma linha de tartarugas de longa vida para ajudarem a Humanidade e carregarem com os fardos do mundo nos seus dorsos. Diz também a mitologia chinesa que quando um dos quatro pilares do Universo caiu, uma Tartaruga substitui-se a esse pilar caído para salvar o mundo. Outras versões dizem que a Tartaruga se tornou o Universo, que a sua forma é a mais sublime da Natureza, pois pelo que a sua carapaça é a natureza espiritual da abóbada celeste e o seu interior tem as estrelas e também as águas sobre as quais flui. Toda a existência está pois contida numa Tartaruga.Para os Hindus a tartaruga foi o segundo avatar (encarnação da divindade) de Vishnu, sendo considerada também símbolo da invulnerabilidade pois se recolhe em si mesma ganhando assim uma força oculta que lhe permite defender-se de qualquer ataque externo.


Para eles, o mundo está pousado em cima de uma grande Tartaruga. Vishnu tornou-se uma tartaruga gigante, imóvel no Espaço, mantendo em cima do seu dorso o veículo cósmico no qual os deuses misturaram os elementos necessários à criação. A esta Kurma ou Hinduismo como o Sattapatha Brahmana onde foi primeiro Brama e não Vishnu que assumiu a forma de uma Tartaruga e que criou geração, pelo que todas as criaturas são descendentes de Kashyapa.

Assim para várias civilizações, a tartaruga é pois considerada um animal cosmoforo, que leva a Terra às suas costas.


Se os chineses descobriram o I Ching, o seu método milenário de advinhação, na carapaça de uma tartaruga, e usavam tições ou brasas ardentes para provocar fracturas nessa carapaça, para ver que hexagramas se formavam, os Mayas também as veneravam em relação com o Tempo. Observando que as carapaças da maioria destes quelónios têm treze placas ou molduras centrais, à roda das quais se vêem vinte e oito pequenas molduras, que formam os bordos, viam nelas a confirmação do seu complicado mas exacto calendário venusiano, baseado na existência de treze luas ou meses, cada um com vinte e oito dias. Para eles, como para certas tribos da América do Norte, a tartaruga era o animal primordial associado à criação do mundo.


Para os Mayas a tartaruga tinha aparecido quando a primeira chuva cobrira o primeiro chão acabado de desbravar e por isso ser identificado com o poder mágico da Natureza de dar vida. Era para além disso uma das quatro criaturas que sustinham o céu. Para os Wyandot, quando a terra caiu para dentro de água, a Tartaruga convocou todas as criaturas do mar para acudir a esta emergência, então um sapo cuspiu e foi assim que uma ilha nasceu na carapaça da Tartaruga, reformando-se o mundo. Para os Huron, que têm um mito semelhante, a Tartaruga é o chefe de todos os animais, que capturou um raio e com ele fez duas bolas de luz que lançou para o céu.


b) Dizem as tartarugas mais anciãs que, como raça, são muito mais antigas do que se pensa, que as cronologias humanas estão erradas. Segundo as suas sábias, a tartaruga foi o primeiro ser que surgiu neste planeta. Dizem também que há tartarugas noutras partes do universo, ainda que algumas habitem em dimensões não detectáveis pelos olhos físicos. Em apoio dessa reivindicação, aduzem um texto sagrado hindu, o Brahmavairanta Purana, no qual Vishnu diz a Indra, rei dos deuses: "conheci a Kashyapa, tem pai, o velho Homem Tartaruga, senhor procriador de todas as criaturas".


Escoradas nestes textos e nas suas tradições, dizem que foram as tartarugas que trouxeram a civilização ao homem, que lhe ensinaram a arte do Tempo, a qual ele depois esqueceu, que lhe ensinaram a nadar, bem como o conhecimento da geografia e da astronomia.

c) Abundam na Geografia e na História os exemplos de cooperação entre humanos e tartarugas, uns provados, outros especulativos.


Em Uxmal, no Yucatan, pode-se ver uma "casa das tartarugas" assim chamada pelas muitas tartarugas esculpidas que constituem os 4 frisos da casa. Fala-se também de uma Ordem das Tartarugas, da qual pouco se sabe, relativamente ao que é conhecido sobre as Ordens Jaguar ou Águia, tendo-se contudo descoberto a imagem de um homem que pertencia a essa Ordem e que está a dansar com uma carapaça às costas.

Recentemente, foi noticiado que dez mil tartarugas carnívoras são anualmente lançadas ao Ganges para comer os cadáveres flutuantes. Para as autoridades indianas trata-se de uma medida sanitária. Para as tartarugas, mais conscientes da sua função, ao transformarem a carne humana na sua própria, elas estão a assegurar que as almas desses piedosos defuntos reencarnem em tartarugas, a maior benção possível para os humanos neste fim de ciclo.


São conhecidos os rituais dos indígenas das ilhas Andaman, extremamente primitivos, que ainda mantêm um contacto mimético e simpático com os animais. Esses indígenas, pintam os seus corpos com as cores e formas de certas tartarugas ou caranguejos. Depois mergulham e cada um encontra exactamente o animal com que sonhara e cuja pintura realizara. Além disso, são guiados pelas tartarugas na sua busca de ostras que possam conter pérolas.


Segundo testemunhas oculares, no desastre do navio "Titanic" uma grande tartaruga recolheu uma criança que intentou levou para terra firme, desconhecendo-se o seu paradeiro, mas especulando-se que, através do Triângulo da Bermudas, a terá levado para os recintos do templo central.





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